terça-feira, 9 de setembro de 2014


A influência africana na cultura contemporânea brasileira.

Os escravos africanos chegavam ao Brasil através do tráfico negreiro. Ao chegar a seu destino, eram obrigados a trabalhar como escravos em lavouras de cana-de-açúcar, jazidas de metais preciosos, como ouro e diamante em benefício de Portugal. Mesmo tendo que se adaptar aos costumes do novo espaço onde eram obrigados a trabalhar com péssimas condições de vida, não abandonaram suas raízes culturais. Essa “fidelidade” deixou resquícios que contribuíram para a formação atual da diversificada cultura brasileira.
Naturalizados pelo animismo, os africanos logo que desembarcavam nos portos eram batizados e recebiam nomes cristãos (João, José, Lucas e etc.) sendo obrigada a seguir a religião da coroa portuguesa, mas muitos mantinham seus cultos africanos escondidos, já que de acordo com a primeira constituição, promulgada em 1888, o catolicismo era considerado a religião oficial da colônia, sendo outros cultos permitidos desde que não houvesse templos ou locais de adoração. De qualquer forma, as religiões afro-brasileiras continuavam na ilegalidade e sob perseguição uma vez que não eram consideradas religiões pelos europeus.
Muitos habitantes do norte da África chegavam ao Brasil cultuando o islamismo. Tais negros desembarcaram principalmente nas cidades de Salvador e compunham o grupo étnico mais perseguido pelas autoridades devido as constantes rebeliões incitadas pelos mesmos.
Na época do escravismo, havia também lideres religioso, o qual se acreditava que eram capazes de lidar com o sobrenatural. Esses eram os curandeiros, procurados pelos africanos para tratar de alguma doença física ou mental. Acreditava-se também que os mortos agiam para proteger os vivos de doenças e espíritos malignos, uma vez que o elo com os vivos não se rompia após a morte. Tal crença é bem comum no Brasil atualmente.
As religiões afro-brasileiras expandiram-se pela sua capacidade de atrair pessoas, inclusive, brancas e livres.

A presença dessas pessoas foi bem vinda, pois aproveitaram desse envolvimento para conseguir respeito e segurança.
A expansão do candomblé ocorreu em 1888, porém continuava a ser perseguido por policiais e sofrendo preconceito. Após muita luta contra essa barreira montada pela coroa, a partir de 1976 os candomblés foram permitidos a cultuar seus orixás livremente, sem preocupações ou restrições. Essa expansão e consequente liberação de culto resultaram na adoção do candomblé como religião oficial por parte de grande número de brasileiros, em torno de três milhões habitantes.

Na época da escravidão, a arte e a religião estavam muito ligada uma com a outra. Na África, cada Orixá tinha suas cores, suas músicas, suas danças e tudo isso tinha um significado e fazia parte de determinados rituais. Para quem não sabe, Orixás são semideuses criados pelo deus supremo Olorun, para proteger todos os elementos da natureza. Os artistas africanos usavam sua criatividade para pintar e esculpir imagens de Orixás e divindades, já que as pinturas e esculturas dos deuses e semideuses (Orixás e divindades) não seguiam uma forma padrão. Mas não é porque os artistas africanos podiam usar a criatividade, que eles iam pintar qualquer coisa para representá-los. Os africanos tinham de serem fiéis às características e feições mágicas de cada divindade e Orixá.

Muitas igrejas no estado de Minas Gerais foram ornamentadas por pintores, entalhadores e douradores africanos. Executavam um trabalho manual, e já que havia muito preconceito nessa época, a maioria da população recusava essas atividades.  Alguns ficaram famosos esculpindo imagens de santos, santas e anjos. Como exemplo temos Antônio Francisco Lisboa, nascido na conhecida Ouro Preto, Minas Gerais. Lisboa era filho de uma escrava africana. Por questão de uma doença que comprometeu o movimento de suas mãos e seus pés, Lisboa pintava e esculpia com as ferramentas amarradas nas mãos. Após essa doença, Lisboa ficou conhecido como Aleijadinho. Mesmo ficando famoso, Aleijadinho morreu pobre e abandonado.

Outro escultor e pintor famoso foi Valentim da Fonseca e Silva, que também era filho de mãe escrava. Assim como Aleijadinho, introduziu inovações na forma de pintar e esculpir, não se submetendo aos modelos de representação europeus.

Havia também escravos e filhos de escravos que se tornavam músicos no interior das igrejas. Muitos desses músicos fizeram fama em Minas Gerais. Um deles foi Antônio de Sousa Lobo, que se destacou como grande compositor no século XVIII, e seu grupo de músicos havia até um lugar certo onde tocar, que eram em grandes festas em Vila Rica.

Com todas essas obras africanas, não foram só as igrejas que passaram a comprá-las, os governos e particulares também passaram a comprar.

Após o fim da escravidão, o panorama da arte brasileira mudou bastante. Uma grande mudança foi que houve uma maior aceitação nas academias de artes. Muitos artistas negros e brancos foram conquistando liberdade de expressão, inclusive de dialogar sobre as temáticas e influências africanas.

Abaixo falaremos um pouco sobre dois artistas que representaram os novos tempos:

Heitor dos Prazeres – Nasceu no Rio de Janeiro. Era cantor, compositor e pintor. Sambas e marchinhas compostas por ele ganharam projeção nacional. Foi após a morte de sua esposa que Heitor começou sua carreira de pintor, tendo assim, um reconhecimento internacional. Suas obras mostravam os morros cariocas e o samba com tons fortes.

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